terça-feira, 31 de julho de 2007

Prenda-me se for capaz

Um filme interessante sobre estelionato é o "Prenda-me se for capaz" com direção de Steven Spielberg.

O livro do qual se baseou o filme também foi publicado no Brasil pela Editora Record.

Por que se cai em golpes?

Nos posts anteriores é descrito os vários tipos de golpes e a história de algumas vítimas. Estelionato é um assunto profundo não só de cunho policial e jurídico, mas também sociológico e psicológico.

O ser humano é muito complexo e por mais que estudem a cada dia revelam facetas desconhecidas. A engenhosidade humana é tão grande que até pessoas acostumadas a lidar com estes problemas no dia-a-dia são pegas de surpresa.

E existem muitos golpes. Muitos mesmo. Basta uma olhada nas páginas dos jornais. Golpes de políticos, juízes, cartolas e pessoas comuns.

Mas ao ler todos os tipos e suas variações chega-se a conclusão de que o estelionatário é mesmo uma pessoa com uma inteligência acima das pessoas comuns, bem articuladas, envolventes, seguras de si, amorais, exibicionistas, perversas e com grande poder de manipulação. Alguns apresentam comportamento violento e agressivo, determinante o ambiente em que vivem.

Normalmente este tipo de criminoso não mostra arrependimento. Tem-se a impressão de o produto do golpe realmente lhe pertence. Alguns psiquiatras fazem analogia entre golpe e orgasmo, ou seja, o golpista como o compulsivo sexual não mede as conseqüências.

Não são doentes eles têm um desvio de comportamento. Ou seja, assumem uma personalidade e vive este mundo à parte. O psiquiatra forense Talvane Martins de Morais, da Associação Brasileira de Psiquiatria do Rio de Janeiro afirma: “o psicopata é egocêntrico, não tem limites e jamais acredita que pode se dar mal. Na maioria dos casos, a origem remonta a más influências na infância”.

E por que a vítima cai neste golpe? Muitas vezes por desinformação, excesso de confiança em si mesmo e porque o estelionatário oferece algo e se faz o papel de “trouxa”. E a vontade de ser esperto e levar vantagem em tudo do brasileiro faz com que ele tenha maior possibilidade de cair nos “contos de vigário”.

Resumindo, enquanto o homem continuar a ter uma ganância exagerada, haverá terreno fértil para os golpistas.

Equipamentos de filmagem

Este golpe tem muitas variações e tem feito muitas vítimas. O estelionatário procura um estúdio de filmagem ou profissional conhecido. Alegam ter muito serviço em outra cidade onde precisa fazer filmagens e fotos. Como conhecem do assunto exigem determinados tipos de equipamento com recursos. Prometem pagar passagem de avião, hospedagem e o serviço em dólar.

O profissional viaja para a cidade determinada e se hospeda no hotel indicado pelo golpista. O golpista cria uma situação qualquer onde o fotógrafo se afasta e deixa seus equipamentos no quarto do hotel. Sozinho ou com ajuda de comparsas roubam todos os equipamentos.

Técnico da operadora de cartão de crédito

O golpista se apresenta como técnico de manutenção da empresa de cartão de crédito. Finge que conserta a máquina enquanto o restante da quadrilha entra na loja e compra tudo o que pode levar. O cartão utilizado é “clonado” e o recibo é impresso como se estivesse tudo autorizado, mas a compra não é registrada na operadora e a loja é lesada.

Telefone e TV à cabo

O golpista neste caso conta a conivência de funcionário da companhia telefônica ou operadora de TV a cabo. O funcionário habilita a linha telefônica ou o sinal da TV, sem que este passe pelo sistema de faturamento. Muitas vezes eles fazem uso próprio ou repassam a terceiros que jamais pagarão a conta. E o lesado neste caso é a operadora telefônica ou de TV a cabo.

Cartão trocado

O malandro fica próximo ao caixa eletrônico para escolher as vítimas que tem dificuldade em utilizar o caixa eletrônico. Ele se oferece para ajudar, pede que a pessoa digite a senha e memoriza os números. Depois troca o cartão e limpa a conta da vítima.

Cartão clonado

Está sendo o desafio para o sistema bancário ter sistemas seguros que evitam a cópia de cartões. Este golpe é praticado por grandes quadrilhas onde têm a participação de funcionários dos próprios bancos que conhecem o mecanismo de funcionamento dos equipamentos e sistemas.

O cartão do cliente é copiado e os estelionatários passam a fazer saques constantes na conta. Normalmente o banco tem ressarcir o cliente lesado.

Sindicato de classe

O golpista monta um sindicado com nome sugestivo. Compra lista de mala direta e envia boletos de cobrança para as empresas. Muitas sem saber se é correto ou não a cobrança pagam e os pilantras embolsam uma boa grana. Muitos chegam ao cúmulo de ligar para as empresas e fazer ameaças, se o valor não for pago.

Firma de arara

O estelionatário compra no mercado uma firma idônea fora de operação ou monta uma empresa com documentação em ordem. Sempre em endereços alugados começa a comprar produtos e paga em dia. Quando o estelionatário vai dar o bote ele compra de todos os fornecedores em grande quantidade. Pede prazo e quando as duplicatas vencem o golpista já está longe e local abandonado.

Pirâmide

Este golpe também é muito manjado, mas faz muitas vítimas. Com a expansão da internet e o uso do e-mail, sempre recebemos promessas de faturar muito apenas passando a mensagem para amigos e fazendo os devidos depósitos na conta.

A oferta é tentadora, promete até R$ 50.000,00 com um investimento de apenas R$ 5,00. E na mensagem um aviso destacado: “A HONESTIDADE É O QUE FAZ ESTE PROGRAMA FUNCIONAR !!!!!!!!!” .

Como sempre os primeiros até chegam a receber alguma coisa, mas os que vêm abaixado são lesados.

Venda de kit importado

Os gatunos montam uma empresa que se passa por estrangeira com nome em inglês. Anunciam em jornais e promete às vítimas que com um investimento de apenas R$ 100,00 na compra de um kit fabricar sabão como exemplo, podem faturar R$ 5.000,00. Prometem comprar toda a produção. Os primeiros até chegam a receber o dinheiro, mas os demais ficam com o mico.

Solidariedade

Este também tem muitas variações. Praticado nas rodoviárias, abordam o incauto com a lábia de que estão chegando de algum lugar e precisam ir até a casa e não tem o valor total da passagem e pedem um complemento. Muitos têm isto como profissão e “vivem” viajando.

Outros golpistas montam um escritório, contratam atendentes e ligam para pessoas e empresas pedindo doações para asilos, creches, igrejas, etc.

Rodoviária

No terminal do Tietê este golpe faz vítimas quase todos os dias. Os incautos escolhidos são sempre pessoas ingênuas que estão voltando a sua cidade natal. O estelionatário se faz passar por passageiro e puxa conversa com seu vizinho de poltrona. Em pouco tempo diz que é da mesma cidade e já ficam amigos.

O golpista diz que no caminho vai receber uma mercadoria que vai lhe garantir um bom lucro na sua cidade e está com cheques e precisa pagar o fornecedor com dinheiro e pede para a vítima emprestar-lhe o dinheiro que será devolvido ainda com juros. Na primeira parada o estelionatário desce do ônibus e desaparece.

Outra modalidade conhecida é a do carimbo na passagem. O golpista pede a passagem do viajante e se passa por fiscal da rodoviária. Bate um carimbo e cobra uma taxa.

Bilhete premiado

Este golpe tem milhares de variações e apesar de muito conhecido ainda faz vítimas. O golpista finge ser uma pessoa humilde e ingênua. Chega até mesmo a ter o sotaque caipira para iludir a vítima que se acha um espertalhão.

O falso caipira vende o bilhete micado ao idiota.

Cota de consórcio premiada

Os estelionatários anunciam nos jornais cotas de consórcio sorteadas. A vítima vendo a possibilidade de ter um carro por um preço módico aceita efetuar um depósito para segurar o negócio e depois nunca mais vê seu dinheiro e muito menos o carro.

Som importado a preço de banana

O pilantra aborda a vítima na rua e conta uma estória triste de que sua mulher está na maternidade para ter um filho e não tem dinheiro para pagar o parto. Oferece então à vítima um aparelho de som importado a um preço baixo. O golpista força para que o negócio seja feito na hora e a vítima sensibilizada compra. A caixa é bem fechada e quando a vítima abre encontra pedaços de madeira.

Este golpe tem muitas variações e foi muito aplicado no passado nos turistas em Aparecida do Norte e na Galeria Pajé no centro de São Paulo.

Cobradores e prestadores de serviço

Os bandidos se disfarçam de carteiros, leitores de luz e funcionários de companhias telefônicas para entrar em casas, condomínios e prédios e roubarem.

Outras vezes dizem que são cobradores da conta de luz e telefone e o incauto efetua o pagamento achando que seu débito está liquidado.

Apesar de divulgar na TV, rádio e jornais muitas pessoas ainda caem neste golpe.

Bônus do seguro

O golpista liga para um ex-cliente de determinada seguradora dizendo que ele tem direito a receber um bônus em dinheiro. Em troca da liberação ele pede 5% do valor total. Fechado o negócio, o golpista faz um depósito na conta do lesado. Este satisfeito faz o pagamento. Dias depois o valor é estornado, afinal o cheque era roubado.

Trabalho em casa

Folhetos na rua e nos jornais prometem que a pessoa pode ganhar até R$ 3.000,00 trabalhando em casa. O telefone é uma secretária eletrônica ou uma central de recados.

A pessoa é instruída a depositar determinado valor para custear despesas de envio, matéria-prima e apostilas que ensinarão o trabalho. Depois de efetuar o depósito, o lesado não consegue mais contato.

Carro novo

Os golpistas anunciam em jornais de grande circulação carros com preços abaixo da tabela. As condições de pagamento são extremamente facilitadas. E o negócio é efetuado por telefone celular pré-pago. O estelionatário se passa por funcionário da montadora e fornece um telefone falso do qual atende uma secretaria eletrônica.

O “cliente” recebe um fax com as especificações do veículo e condições de pagamento com o logotipo da montadora. Tudo isto para dar ao “cliente” que está fazendo um negócio seguro. O golpista pede um depósito urgente para segurar o negócio da China. Depois desaparece com o dinheiro. Normalmente o golpista é de outro estado, o que dificulta a ação da polícia.

Troca de note-book

Este golpe ocorre normalmente em aeroportos. O golpista aproxima-se com uma maleta de note-book cheia de tijolos, para dar a impressão que contém um computador. Coloca a mala no chão emparelhada com a da vítima. Finge pedir uma informação e ligeiramente efetua a troca e sai rapidamente do local. Se flagrado na ação, pede desculpas e diz que confundiu.

Segundo o Jornal da Tarde de 14/11/01, várias pessoas foram vítimas no aeroporto de Congonhas de São Paulo.

Seguro de vida

As empresas seguradoras são vítimas constantes de fraudes. Praticamente todas elas possuem departamento de investigação para saber se o acidente ocorreu mesmo ou foi algo forjado.

Jogo nas ruas

Este golpe é velho e possui muitas variações. A vítima se acha muito esperta em matéria de jogo. Os mais usados são cartas de baralho; o cinturão e o Papa (o das três forminhas de metal e uma bolinha). Apesar de proibido estes jogos (golpes) são aplicados nos centros das grandes cidades brasileiras à luz do dia e na cara da polícia.

Os golpistas são hábeis e a vítima não percebe.

O truque é feito da seguinte forma:

Três cartas são colocadas com a face para baixo, sobre um pedaço de papelão. O jogador pergunta a um desafiante onde está a dama de ouro. Em seguida gira o papelão como se fosse uma espécie de bandeja, trocando as cartas de lugar. Depois pede que o desafiante (comparsa do estelionatário) aponte a dama e coloque seu dedo sobre a carta, impedindo assim qualquer troca. Neste momento fazem uma aposta e o desafiante ganha. As jogadas repetem, e o desafiante ganha e perde, mas no final sai com uma bela grana. O perdedor desafia alguém que está só observando. Este incauto sairá sem um centavo no bolso. E o truque, consiste em ao girar o papelão em uma combinação de ilusão de ótica e rapidez em trocar a carta de lugar.

O jogo do cinturão consiste em dobrar um cinto ao meio, enrolando-o em seguida de forma a transformá-lo em uma espécie de carretel. Logo o jogador desafia e a aposta na colocação de um palito, um lápis ou uma caneta em um dos dois espaços existentes no interior do carretel. A aposta é se o palito ou lápis ficará no interior do cinto quando este for desenrolado. Confiando na sua visão, o apostador tem convicção de que colocará no local certo. Mas o golpista ao ver que o objeto está no local certo, fará um giro imperceptível no cinto fazendo-o com que ao ser desenrolado fique do lado de dentro.

Máquina de imprimir dinheiro

Este golpe já fez muitas vítimas em todo o país. Ele exige muito tempo e investimento do estelionatário, por isto é muito difícil de acontecer nos dias de hoje. Os golpistas estudam a vítima: seus hábitos, seu poder financeiro, etc. Uma vez escolhida a vítima, fazem amizade, chamando-o para sair, freqüentando bares, casas noturnas, onde os estelionatários mostram a vítima que eles gastam muito dinheiro. Sempre pagam todas as despesas.

Sendo cada vez mais íntimos, a vítima pergunta em que eles trabalham. Os golpistas fazem mistério, dissimulam, para enfim revelar o segredo: imprimem dinheiro. A vítima fica espantada e, eles o levam a conhecer a máquina. No local, mostram uma máquina, onde um aperta e do outro lado sai notas novinhas, cheirando a tinta, perfeitas.

Para convencer, pede que a vítima vá gastar aquele dinheiro que acabou de sair da máquina e pedem para que ele não conte a ninguém. O incauto sai e vai gastar o dinheiro, que é verdadeiro. Volta deslumbrado, pois tudo deu certo.

A vítima volta e propõe compra a máquina com suas economias. Os golpistas ficam irritados e pedem para mudar de assunto porque não querem perder a amizade. A vítima então insiste. E depois de muita insistência, diz que vai pensar. Em seguida o estelionatário procura a vítima e diz que faz o negócio.

Hoje os falsários usam computadores e scanner e impressora para falsificar dinheiro. Mas para este golpe eles colocam notas verdadeiras que saem como se fossem impressas pela máquina.

A vítima só descobre quando vai tentar fabricar as notas e constata que a máquina não funciona.

Este golpe fica impune porque o lesado não pode nem mesmo ir à polícia denunciar, afinal ele estaria cometendo também um crime.

Cheque e dinheiro perdido

A pessoa está caminhando e de repente vê no chão um cheque. Apanha-o e verifica o valor alto. Neste momento uma pessoa aproxima e diz que o viu pegar o cheque. Propõe o saque e a divisão do dinheiro. Em seguida, chega o dono do cheque dizendo que vai perder o emprego porque perdeu o cheque da empresa. A vítima diz que achou o cheque e outro salafrário que é o perdedor oferece uma recompensa. O perdedor do cheque entrega a pessoa que viu a vítima pegar o cheque, o endereço da “empresa” para informar do ocorrido e receber um prêmio. Para isto, leva um bilhete.

Em seguida a pessoa que viu a vítima pegar o cheque volta alegre e mostrando as cédulas que recebeu de recompensa. Em seguida o perdedor do cheque pede que a vítima vá até a empresa receber sua recompensa e entregar o cheque, mas como garantia pede que o incauto deixe sua carteira.

Com o cheque em mãos e o bilhete vai procurar a empresa e não encontra nada. Volta ao local, mas os gatunos já se mandaram.

Este golpe normalmente é aplicado em pessoas que fazem saques em agências bancárias. E ele tem variações: pode ser cheque, dinheiro ou jóias. Parece muito ingênuo nos dias atuais, mas muita gente ainda cai.

Máquina autenticadora

Golpe praticado com a conivência de office-boy e despachantes. A empresa confia neles o pagamento de contas e tributos. Todas as guias estão devidamente autenticadas. Determinado dia, a vítima toma um susto ao receber cobranças. Neste momento a vítima descobre que foi vítima de falsários que possuíam uma máquina de autenticar igual a dos bancos.

Pepita de ouro

A pessoa é abordada por uma cigana sempre acompanhada de uma criança. Ela conta uma estória triste. Diz que é do interior e trabalhava em um garimpo. Conta que tem uma pepita de ouro e mostra a vítima. A pepita é verdadeira. Diz para o incauto que está passando por dificuldades e propõe o negócio: a pepita vale R$ 5.000,00 , mas ela a vende por R$ 1.000,00 .

A cigana para provar que a pepita é verdadeira vai com a vítima até uma joalheria para avaliação e constata que realmente vale os R$ 5.000,00. A vítima vislumbrada com o “negócio da China” fecha o negócio. Então eles vão ao banco, onde o feliz comprador vai sacar o dinheiro.

Na fila do caixa, a vítima está com a pepita verdadeira na mão. Enquanto o incauto conta o dinheiro, a cigana para ajudá-lo, segurando a pepita. Neste momento então, ela troca por uma outra, que é falsa.

O sujeito sai dando pulos de alegria, com o tremendo negócio que fez. Tempos depois descobre que foi vítima de um golpe.

Falso mecânico

Aplicado na maioria das vezes em mulheres. A vítima está dirigindo normalmente pelas ruas da cidade. De repente um carro emparelha com o da vítima. E o comparsa sujo de graxa, na janela do carona diz para o motorista que o carro está soltando fumaça.

A vítima para verificar e os gatunos também, prontificando em ajudar. O suposto “mecânico” examina o veículo e diz que o problema é em determinada peça do carro que por acaso ele tem uma idêntica no carro ou sabe de uma loja próxima. O motorista atrapalhado pede então para trocá-la. Então eles cobram um absurdo e ainda trocam por uma peça defeituosa.

Golpe do marido

O golpista entra em estabelecimentos comerciais e fica observando mulheres pagando compras com cheque. Ele se posiciona e memoriza o nome, valor e banco. Minutos depois volta a loja e passa por marido da mulher que emitiu o cheque e pede para trocar o cheque pelo pagamento em dinheiro. Com ajuda de recursos gráficos, um cheque de R$ 50,00 transforma em um de R$ 500,00. Este golpe é aplicado normalmente em loja de roupas e sapatos, farmácias e postos de gasolina.

E algumas vezes, o estelionatário faz a troca do cheque com dinheiro falso.

Baú da felicidade

Este golpe é bastante conhecido e faz muitas vítimas por todo o país. Afinal, muitas pessoas sonham em ganhar a casa própria e ainda conhecer o apresentador Sílvio Santos.

Fundo de ações

Normalmente a vítima é procurada pessoalmente ou por telefone por um homem sério e educado. Avisa que a pessoa ganhou dinheiro graças à venda de ações ou de cotas de um clube de lazer – normalmente funcionários de empresas tem envolvimento. Para receber dinheiro a vítima tem que efetuar um depósito para cobrir os custos do processo. Quando a vítima for procurar ter informações descobre que foi lesada. Os gatunos aplicam este golpe até mesmo em empresas. Leia o que publicou a revista Época em sua edição 16 de 07/09/98:

As companhias Shell, Nestlé e Vulcan denunciam nos jornais fraude praticada por um estelionatário que se apresentava como Ronaldo Dalvi. Ele falsificou procurações e negociou no mercado financeiro ações da Telebrás que pertenciam as três empresas.

General paraguaio

Era um golpe típico dos anos 50. Os golpistas alugavam mansões, contratavam empregados e divulgavam na imprensa que ia se hospedar um general paraguaio com o objetivo de fazer negócios com empresariado brasileiro. Eles promoviam uma enorme festa e apresentavam o falso general aos empresários, onde vendiam títulos do Governo do Paraguai. Ao receberem o dinheiro, desapareciam. Quem conta esta, é o delegado Carlos Carmassa em entrevista ao Jornal da Tarde em 04/11/01.

Seguro de vida de aposentado

Ao falecer um aposentado, o estelionatário procura a família e convence-os de que tem direito a receber um seguro de vida do INSS. Apresentam-se como entendidos, e que podem providenciar toda a papelada, mas mediante um pagamento. Ao acertar com família espera alguns dias e efetua o depósito de um cheque roubado na conta da vítima que fica como bloqueado. Procura a vítima e pede para que ela verifique o saldo. Ao confirmar o depósito diz que para o valor ser desbloqueado precisa receber o valor da comissão. Recebem e somem.

Falsificação de dinheiro

A notas mais falsificadas no Brasil são as de: 10, 50 e 100 reais. A maioria é bem feita, mas não tem a marca d’ água. Outras são falsificações grosseiras. Este crime é muito antigo, começou desde que o homem decidiu que existiria dinheiro. Hoje é muito mais fácil falsificar dinheiro devido aos recursos de editoração gráfica e informática disponíveis no mercado.

O escritor paulistano Marcos Rey escreveu um livro “A Arca dos Marechais” onde conta as peripécias de um passador de dinheiro falso. Durante toda a história o personagem Emerich obtém sucesso, porém no final é preso.

Cartão preso no caixa eletrônico

O criminoso introduz equipamento no caixa-eletrônico que trava o cartão do cliente. Ele fica observando o desavisado digitar a senha. Quando o cliente vai embora, o pilantra destrava o cartão e saca o que estiver disponível na conta da vítima.

Boa noite, cinderela

Para aplicar o golpe o estelionatário mistura um sonífero na bebida do incauto. Aplicado muito nos anos 90 contra os homossexuais. Também aplicado em mulheres solteiras, o bandido leva a vítima para casa e depois de uma bebida, ela dorme e ele saqueia todo o que pode de sua casa. A vítima só descobre o golpe no outro dia. Na Colômbia, as prostitutas inovaram e aplicam o sonífero nos seios. O cliente não percebe e, minutos depois cai num sono profundo e a ladra saqueia sua carteira.

Avaliador de jóias e quadros, etc

Faz amizade com facilidade com gente da alta sociedade por meio de festas e contatos de negócios. Habilmente vai tornando-se íntimo. Percebendo que o grã-fino tem bens, mas está com dificuldades de dinheiro, oferece-se para avaliar jóias, quadros e outros bens fáceis de transportar. Depois com a confiança do proprietário leva os objetos para avaliação e depois desaparece.

Mago ou adivinho

O pilantra se faz passar por mago ou adivinho. Utiliza anúncios de jornais, revistas e rádios. Alguns conseguem até espaço nos programas sensacionalistas da TV brasileira. Entre seus clientes figuram artistas, gente da sociedade e pessoas comuns querendo conhecer seu brilhante futuro. Normalmente ele aparece faz “consultas” por um período e depois desaparecem. Outros permanecem na maior cara-de-pau.

Empréstimo

O estelionatário anuncia em jornais, panfletos e cartaz de poste, empréstimos de valores altos. O incauto liga e achando que vai conseguir um empréstimo para resolver seus problemas financeiros com pouca burocracia e cai no golpe. O telefone normalmente é um pré-pago. Com boa lábia, convence o suposto “cliente” que é preciso que ele deposite em determinada conta uma quantia para liberar o empréstimo. Após alguns dias, depois de receber diversos depósitos, o golpista some e a polícia não descobre porque eles não deixam pistas, pois até a conta bancária onde receberam os depósitos foi aberta com documentos falsos.

Personagem famoso

O indivíduo se faz passar por pessoa famosa ou importante. Este crime tem muitas variações. O golpista pode dizer que é fiscal da Receita, da Prefeitura e extorquir dinheiro de empresários. Outros dizem que é amigo ou empresário de artistas famosos e abusar de garotas ou vender vantagens a pessoas deslumbradas com os holofotes.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

O blog

Estelionatário, segundo o Dicionário Aurélio é o ato de obter vantagem, para si ou para outrem, vantagem patrimonial ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo em erro alguém mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. Ou seja é o ato de ludibriar, passar alguém para trás.

O nome surgiu porque o camaleão na antiguidade era considerado a própria fraude pela sua capacidade de mudar de cor conforme o ambiente. Este animal possui pequenas manchas, parecido com pequenas estrelas. Daí vem o nome “stellio” de “stella” que significa estrela. Por isto que “stellionatu”, no latim, é o exercício da fraude e falsificação.

No Brasil é mais conhecido como o “conto do vigário” ou “171”. O nome “conto do vigário” tem várias versões. Uma delas diz que um vigário se instalou no Rio de Janeiro na época que a família real portuguesa fugia de Napoleão. Ele conseguiu dinheiro emprestado de várias pessoas importantes na Corte com a promessa de que receberia uma vultosa herança de um parente em Portugal. Passou o tempo e o vigário não pagou ninguém. Então o fato virou motivo de piada e depois símbolo de golpe.

No Código Penal Brasileiro que trata de estelionato é o artigo 171. Diz o código, que é um tipo de crime cometido por indivíduo astuto e perspicaz. E é o que realmente acontece. Analisando os diversos tipos de golpes, sempre aperfeiçoado com o tempo, percebe-se que o estelionatário normalmente é ousado, um verdadeiro cara-de-pau. E a pena para este crime varia de 1 a 5 anos de reclusão.

Apesar de amplamente conhecidos, segundo o delegado Manoel Camassa, em São Paulo todos os dias pessoas caem no “conto do vigário”. Muitos não são conhecidos porque a vítima constrangida prefere o anonimato. O delegado inclusive está escrevendo um livro, onde vai contar os diversos tipos de golpes. Camassa diz: "O estelionatário é sempre uma pessoa cativante, que se adapta a qualquer situação. É um verdadeiro artista". E existe todo tipo de golpe. Os velhos e já manjados, mas que ainda assim faz vítimas e os novos que contam com um importante aliado que é a tecnologia.

Mais velho que andar para frente, o do “bilhete premiado” ainda é aplicado por estelionatários. Dias atrás em Mogi das Cruzes uma senhora foi a uma agência sacar pequena quantidade para pagar algumas contas. Foi abortada na área onde fica o caixa-eletrônico. Como era sexta-feira e à tarde, o salafrário disse que tinha ganhado um prêmio de R$ 700.000,00 , mas que precisava de dinheiro para viajar ao interior ir visitar parentes. E que o “prêmio” só poderia ser retirado na segunda e estava ali para um negócio da China. Vendia o bilhete por apenas R$ 20.000,00. A senhora vendo a possibilidade de um lucro fácil, imediatamente sacou da sua conta R$ 10.000,00 e entregou aos pilantras e ainda foi em casa buscar o cartão de outra conta para retirar mais R$ 10.000,00. Mas ao voltar não encontrou ninguém e se deu conta de que foi vítima de um golpe.

O delegado Camassa define as vítimas: “Elas caem nos golpes por comodidade, necessidade ou porque seus olhos crescem diante de uma oportunidade aparentemente imperdível”.